Transtorno Bipolar

Mudança de atitudes e de humor sem motivo aparente pode ser uma doença
Todos nós temos variações de humor em diversos momentos de nossa trajetória. Às vezes, estamos em paz com a vida, alegres com uma promoção no emprego, com uma conquista amorosa, com o nascimento de um filho ou em outras situações agradáveis. É quando queremos sair, papear com amigos, falar bastante. Em outros momentos, brigamos com o mundo e, no mais das vezes, estamos carregados de motivos para isso: perda de um grande amor, ou de um emprego, excesso de responsabilidades, doença, morte de pessoa querida, dificuldades financeiras, etc….
Porém, há pessoas que, apresentam oscilações ou mudanças cíclicas de humor de maneira desproporcional ou inadequada aos fatos do seu ambiente. Ou seja, em um momento a pessoa está alegre e eufórica e, em outro, sente tristeza exagerada e desânimo e nada ao redor justifica tais sentimentos. Esse quadro é chamado de “Transtorno Afetivo Bipolar”, que é uma enfermidade em que há alteração do humor, da energia e do jeito de sentir, pensar e se comportar. Em geral, a família e os amigos logo percebem que alguma coisa mudou nas pessoas que apresentam transtornos de humor. Se, porém, o problema passar despercebido ou for negado, as consequências infelizmente podem ser desastrosas, pois se trata de uma doença de grande impacto na vida do indivíduo e de sua família, causando prejuízos frequentemente irreparáveis em vários setores da vida, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico.

Fase da Mania ou da Euforia
Nessa fase, a pessoa sente estar no topo do mundo, com uma alegria e bem-estar inabaláveis. Está cheia de ideias e se sente como não tendo limites para suas capacidades. Mal consegue acabar de expressar um plano e já está arquitetando outro. As coisas que antes não a interessavam mais, agora lhe causam prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento, nesta hora se lhe aparentam amistosas e bondosas. Nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis podem abalar o estado de bom humor. Imagina que é especial ou que possui habilidades especiais e não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior à sua. Assume comportamentos extravagantes, fazendo muitas compras e festas. A hiperatividade é outra característica que não deixa o bipolar ficar parado, sentado por mais do que alguns minutos ou relaxar. Poderia até passar dias sem dormir.

Fase depressiva
Nesse momento, ocorre o oposto da fase maníaca; a pessoa apresenta sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e autoestima baixa. Não se interessa mais pelo que costumava gostar ou pelo que lhe dava prazer, tem pouca energia para suas atividades habituais, cansa-se à toa e tende a permanecer na cama por várias horas. O período da manhã costuma ser a pior parte do dia para o deprimido porque ele sabe que terá uma longa jornada pela frente. Apresenta dificuldade em concentrar-se no que faz, os pensamentos ficam inibidos e lentos. Faltam-lhe ideias ou elas demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma, a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.

Sintomas, causas e diagnóstico
Os sintomas de euforia e depressão podem variar de um paciente a outro e no mesmo paciente ao longo do tempo. O começo da doença pode se dar tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando-se de maneira abrupta ou gradual ao longo de semanas e meses.
A causa ainda não é inteiramente conhecida, assim como para os demais distúrbios do humor. Sabe-se que os fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos somam-se no desencadeamento da doença. Além da predisposição e vulnerabilidade geneticamente determinadas, certas situações contribuem para a eclosão ou precipitação do problema.
O diagnóstico da doença bipolar do humor deve ser feito por um médico psiquiatra baseado nos sintomas do paciente. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva e receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem, na verdade, o transtorno bipolar, mas até que a mania surja não será possível conhecer o diagnóstico verdadeiro.

Como reconhecer um bipolar
Se você percebe que alguém próximo é instável demais e repentinamente oscila entre a euforia e a depressão, a apatia e a hiperatividade, sem que nada justifique esse estado, isso é um sinal de alerta, incentive-o a procurar um médico psiquiatra, pois algumas providências podem ser tomadas para reverter o quadro.
É importante observar que o transtorno de humor bipolar pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade: na criança, no adolescente, no adulto ou no idoso. Em vista disso, independentemente da idade, quanto mais rápido ela for diagnosticada, menos irá interferir na estruturação da personalidade das crianças, no caráter do adolescente, nas relações profissionais e familiares do adulto e na imagem do indivíduo com mais idade.
O tratamento, após o diagnóstico preciso, é medicamentoso, envolvendo uma classe de medicações chamada de estabilizadores do humor. Um acompanhamento psiquiátrico deve ser mantido por um longo período. A psicoterapia também é muito importante.
Vale salientar que os sintomas da depressão do transtorno bipolar são semelhantes aos sintomas da depressão recorrente, só que os tratamentos são diferentes, daí a importância de um diagnóstico preciso.

Características da depressão:
• Humor melancólico, depressivo;
• Perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente interessantes;
• Sentimento de tristeza, vazio, ou aparência chorosa/melancólica;
• Inquietação ou irritabilidade;
• Perda ou aumento de apetite/peso, mesmo sem estar de dieta;
• Excesso de sono ou incapacidade de dormir;
• Sentir-se ou estar agitado demais ou excessivamente devagar (lentidão);
• Fadiga ou perda de energia;
• Sentimentos de falta de esperança, culpa excessiva ou pessimismo;
• Dificuldade de concentração, de tomar decisões, de se lembrar das coisas ou memorizar novos sentimentos;
• Pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio;
• Dores ou outros sintomas corporais persistentes, não provocados por doenças ou lesões físicas.

Características da Mania ou Euforia:
• Humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria, otimismo e confiança exagerados;
• Desinibição, aumento do contato social, expansividade;
• Agitação, inquietação física e mental. Aumento de energia, da atividade motora apresentando grande vigor físico, começando muitas coisas ao mesmo tempo sem conseguir terminá-las;
• Pensamentos acelerados, fala muito rápida, pulando de uma ideia para outra;
• Pouca capacidade de julgamento, incapacidade de discernir;
• Sentimentos de grandiosidade, considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes especiais e capacidades únicas;
• Agressividade física e/ou verbal; extrema irritabilidade, impaciência ou “pavio curto”, comportamento inadequado, provocador, intrometido, agressivo ou de risco; falta de consideração com os demais;
• Facilidade em se distrair, incapacidade de se concentrar;
• Gastos excessivos; megalomania, como sair comprando compulsivamente tudo o que vê pela frente;
• Aumento do desejo sexual;
• Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável;
• Insônia e pouca necessidade de sono;
• Uso de drogas, em especial cocaína, álcool e soníferos.

Estado misto:
• Sintomas depressivos e maníacos acentuados acontecendo simultaneamente;
• A pessoa pode sentir-se deprimida pela manhã e progressivamente eufórica com o passar do dia;
• Agitação, angústia, desesperança e tendência ao suicídio;
• Insônia e alterações do apetite; alucinações e delírios nos casos mais graves.